Por momentos
As fábricas fecham, os casais que trabalham nas fábricas abrem falência, famílias abrem falência e a pobreza aumenta, por consequência a criminalidade aumenta, por necessidade os roubos fazem parte do dia-a-dia e portanto restam as questões, "até quando?" e "por quanto tempo?", "o que irá ser de nós nesta crise?", neste flagelo. Por momentos pensámos que vinham dias melhores, pudemos comprar casas decentes, usufruir um pouco de prazeres que nem sonhavamos poder usufruir. Por momentos fomos pessoas e deixamos de ser pobres. Agora estaremos a pagar por esses poucos momentos de prazer?
Por momentos vivemos e descobrimos com um sorriso nos lábios que afinal a vida não é só trabalhar.
Por momentos vivemos e sonhamos e fomos gente.
Agora voltamos a ser apenas sobreviventes, a trabalhar apenas e a ter novamente a noção de que os deveres são o pão de cada de dia e Deus queira que o pão de cada dia não nos falte, pelo menos que não falte aos nossos filhos.
Pelos nossos filhos nenhum sacríficio é grande demais.
Iremos sobreviver.
Paisagemviva