Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

paisagemviva2

paisagemviva2

Segundo emprego

30
Jun08

Já li diversos artigos sobre como ganhar dinheiro, não acredito em dinheiro fácil.

Dizem que existem diversas formas de receber mais, bem que me dava jeito, não queria contrair empréstimos bancários ou parecidos, pois a taxa de juro está insuportável!!!!

Resta um segundo emprego como alternativa, mas o tempo é muito pouco e difícil de conseguir fazer durar o suficiente para mais, nem que seja, 4 horas de trabalho por dia.

Alguém conhece algum sistema que ajude?

Obrigado

Paisagemviva

Uma questão de "fair-play" ;p

26
Jun08

Regras e poderes

Em Portugal e noutros países do Sul há uma grande tendência para a fraude discente, acompanhada por uma tolerância generalizada.

João Cardoso Rosas

Uma das formas de marcar a diferença entre um país bem sucedido e outro que o não é consiste em atentar no peso relativo do respeito por regras gerais e da submissão a poderes concretos. Os países simultaneamente mais desenvolvidos e com maior justiça social são aqueles em que predomina uma cultura e uma atitude pessoal de respeito por regras definidas pela via democrática ou pela espontaneidade social e, dessa forma, também uma menor capacidade de exercício ou de sujeição a poderes de tipo discricionário.

Podemos estabelecer este contraste na própria Europa, entre os países do norte e os países do Sul. Na Europa do Sul não estamos habituados a jogar segundo as regras do jogo. Ou seja, temos falta de ‘fair-play’. Isso vê-se em todas as áreas da vida social. A generalidade da população não respeita o código da estrada, não pratica ou não conhece as regras de cortesia, e não considera que as leis em geral tenham uma qualquer relação com as suas pessoas concretas. Na vida empresarial, muitos procuram contornar a concorrência com esquemas fraudulentos, fuga aos impostos – que continua a ser imensa entre nós nas pequenas empresas –, e uma actuação genericamente baseada no compadrio. Quanto à relação com o Estado e as benesses que ele pode dar, a impressão geral é que só não "rouba" quem não pode.

É claro que todas estas coisas também podem existir – e existem – nos países do norte da Europa. Mas há uma importante diferença. Aí essas actuações são socialmente condenadas e, também, dessa forma, muito mais contidas. Por cá, pelo contrário, elas são celebradas. Muitos falam com orgulho da sua esperteza saloia e dos seus esquemas pouco sérios. A generalidade não tem qualquer atitude condenatória diante dessa mesma esperteza ou desses esquemas.

Como professor, tenho uma experiência ilustrativa ao lidar com a fraude discente (vulgo: copianço). Em Portugal e noutros países do sul há uma grande tendência para a fraude discente, acompanhada por uma tolerância generalizada. Assim, muitos não têm vergonha de dizer aos colegas que copiam. Outros não o verbalizam, mas estão perfeitamente à vontade com a prática. As universidades, por seu turno, têm uma atitude incrivelmente branda em relação ao assunto. Um aluno apanhado a copiar pode reprovar, mas também pode voltar a fazer a disciplina a que reprovou. No Norte da Europa ninguém admite copiar – embora alguns o façam – e quem é apanhado a fazê-lo é expulso da universidade.

Onde não existe respeito pelas regras – sejam elas organizacionais, económicas, as da lei geral do país, etc. – acabam por predominar os poderes discricionários, mais ou menos mafiosos. Os indivíduos e as organizações não dependem de si mesmos, do modo como se comportam nos diversos jogos sociais em que estão envolvidos, mas apenas das suas relações especiais de poder ou subserviência. Daí o esquema geral de recrutamento empresarial não ser o mérito mas a "cunha". Daí as promoções não assentarem muitas vezes numa cuidadosa análise do desempenho de cada um, mas apenas no "apadrinhamento". Daí o facto de o mercado concorrencial em geral não funcionar tão bem como noutras paragens. Daí também o generalizado desrespeito da lei e das regras de civilidade nos espaços públicos, entre vizinhos, e por aí adiante. Enfim, daí o pior funcionamento da nossa economia e do próprio convívio social.

Recorde-se que, como disse de início, o desprezo pelas regras gerais e o recurso aos favores de quem tem poder são uma causa de subdesenvolvimento, mas também de falta de justiça social. Ao contrário do que muitos pensam – pelo menos a avaliar pelo que dizem e escrevem nos jornais – a justiça social não consiste em transformar o Estado num Robin dos Bosques em momentos de crise. Pelo contrário, a teoria e a experiência ensinam-nos antes que a justiça consiste em estabelecer regras institucionais estáveis e fiáveis – sobretudo ao nível da fiscalidade, da educação e da formação profissional – que permitam que a distribuição primária do rendimento e da riqueza se faça sem uma excessiva intervenção da Segurança Social e a habitual transformação dos nossos pobres tradicionais de chapéu na mão em dependentes estatais mal agradecidos.

FIM

E o Sr. tem toda a razão!!!

Paisagemviva

Não, obrigado

18
Jun08

 

 

Trabalhar até cair

2008-06-16

 À tarde, ao chegar a casa, depois de mais uma jornada, o discurso dominante é o de que as empresas devem empenhar-se na necessidade de conciliar a vida laboral com a vida privada; que os países mais produtivos não são aqueles em que se trabalham mais horas; que as empresas modernas se preocupam com o bem-estar dos seus empregados.

 De manhã, quando o mesmo trabalhador europeu se prepara para mais uma jornada, o discurso é diferente: vai ser preciso trabalhar mais horas para que as empresas sejam mais competitivas. Ou seja, se não podes vencer as empresas asiáticas, que fazem tábua rasa dos direitos dos trabalhadores, quando não os escravizam, junta-te a elas. A apresentação deste dilema não é original. Lia-a parcialmente no "El País", enquanto gozava de uns momentos de ócio na cálida costa do Sul de Espanha. E foi o direito ao ócio, afinal, que, por estes dias, uma maioria de países da União Europeia decidiu revogar. O limite de 48 horas semanais corre o risco de passar à história. A civilização cede à barbárie e aponta-se agora para as 65 horas. Tempera-se a proposta com o velho engodo da livre escolha ["free-choice" em inglês, como a designam os britânicos que avançaram com a proposta], argumentando que só será assim se o trabalhador quiser. Como se o operário de construção civil que assenta tijolo tivesse algum poder negocial face ao patrão. Ou que os empregados de uma Lear qualquer possam recusar trabalhar mais umas horas pelo mesmo salário, quando a alternativa for entre estar mais algum tempo com os filhos ou manter o emprego. A proposta de directiva foi aprovada no Conselho Europeu de Ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais, mas ainda não é letra de lei. Terá de passar, primeiro, pelo crivo do Parlamento Europeu. E depois por uma decisão de cada um dos países. Em Espanha, pelo que li, Zapatero já prometeu que não aceitará "dinamitar" o Direito do Trabalho. Calculo que em Portugal a posição seja semelhante. O problema é que, uma vez aprovada e posta em prática, será apenas uma questão de tempo até que se generalize. E chegará a altura em que nenhum Governo quererá perder o campeonato da captação de investimento devido a minudências, já não digo como a do direito ao ócio, mas pelo menos a do direito a um pouco de descanso. Por estes dias, a discussão sobre o futuro da Europa foi sobretudo feita a propósito do "não" dos irlandeses ao moribundo Tratado de Lisboa. E as notícias e comentários de meios de comunicação de todo o continente reflectiram essa obsessão. Não nego que seja matéria relevante, mas pergunto-me se não seria mais importante discutir que modelo de civilização querem os europeus. Já agora, alguém imagina qual seria o resultado de um referendo em que se colocasse a questão do alargamento do horário de trabalho até às 65 horas? Pois, provavelmente não é uma boa ideia…

 

Mais aqui:

 

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=Rafael%20Barbosa

 

Paisagemviva

 

Sr. Primeiro Ministro...

06
Jun08
Exmº Primeiro-ministro, Venho por este meio manifestar o meu total apoio ao seu esforço de merdanização, perdão, modernização do nosso país. Como cidadã comum, não tenho muito a oferecer além do meu trabalho cujo rendimento é bem acima da média se compararmos com outros países do terceiro mundo. O trabalho fascina-me, sou capaz de ficar a olhar para ele sem fazer mais nada! Contrariamente ao que se tem vindo a especular a taxa de desemprego é baixíssima, falamos praticamente de uma minoria de desempregados licenciados, mestres, doutorados enfim pessoas que como eu estudaram para contribuir para uma mão de obra qualificada. Ora, ambos sabemos que os estudos em Portugal não servem para nada como tão bem sabe o Senhor, perdão o Engenheiro pois as ofertas actuais de trabalho requerem um nível de habilitações equivalente a 4º classe, o que já é considerado elevado e 'cunhas' que já não se contentam com um presunto. No entanto, após um exame de consciência, percebi que posso contribuir mais. Passo a explicar: Na actual legislação, pago na fonte uma certa % do meu salário (para o IRS e para a Segurança Social). Como pode ver, sou um cidadã afortunada. Cada vez que no supermercado gasto o que a empresa me paga, o Estado, e muito bem, fica-me com 21%. Existem bens essenciais na qual o Estado fica apenas com 12% e mesmo para cúmulos dos cúmulos 5%! Penso que uma uniformização seria bem mais vantajoso para o Estado português pois essa variação acaba por ser discriminatória. Sugeria os 21% para tudo e não se fala mais nisso. Concordo que é pouco dinheiro para o Governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão, em tempo de campanha eleitoral e uma ninharia para aquilo que o Governo tem feito e ainda pretende fazer para a aniquilação, perdão o bem comum da sociedade. Entretanto, a empresa onde trabalho é obrigada a dar ao Estado, e muito bem, mais alguma % daquilo que me paga para a Segurança Social. E ainda uma % para o Estado. Também quando compro um carro, uma casa, herdo qualquer coisa, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas na aquisição dos bens. Assim deixo-lhe a minha sugestão: A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 100% do meu salário. O Estado passará apenas a pagar os meus encargos com: -Seguro de Saúde, -Despesas com saúde no privado pois no público é um suicídio, -Despesas com dentista, -Medicamentos, -Aquisição de casa ou apartamento previamente mobilado à minha escolha, -Condomínio, se optar por um apartamento, -Carro, -Água, -Luz, -Telefone, -Internet, -Ginásio, -Educação, -Supermercado, -Gasolina, -Vestuário, -Lazer incluindo vícios ou excentricidades, -Portagens, -Cultura, -Viagens, -SPA, -Contribuição Autárquica, -IVA, -IRS, -IRC, -IVVA, -Imposto de Circulação, -Segurança Social, -Seguro do carro, -Inspecção Periódica, -Taxas do Lixo, reciclagem, esgotos e saneamento, e todas as outras taxas que nos impinge todos os dias, -Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Um abraço Sr. Primeiro Ministro e muito boa sorte! Estou consigo para o que roubar, perdão... der e vier. PS: Podemos negociar a percentagem. Recebido por email Paisagemviva